Eram duas, corriam, paravam, faziam gestos, mas o que eram? O que significavam aqueles movimentos?
E como se movimentavam, seus corpos flexíveis impressionavam os transeuntes.
As duas se encontraram e dançaram... Dançaram?
Encenaram! Encenaram?
Coreografaram a vida entre barbantes, colocaram em uma teia balões coloridos, relógios, apitos, calendários, sentimentos e a vida.
Dançaram entre os fios, teceram a curiosidade nos olhares andantes, alguns queriam saber o que era, outros só observavam, alguns filmaram, outros tiraram fotos, muitos perguntaram, mas o silêncio era a melhor resposta.
Algumas crianças ficaram encantadas, pareciam fazer parte da dança, outras queriam encostar, parecia que assim seria mais fácil entender. Alguns de fato tocaram, pegaram os narizes de palhaços e os devolveram, estavam com receio de atrapalhar.
Ao final da apresentação, quando só tinha teia e seus penduricalhos, um casal se aproximou e disse "O que aconteceu aqui? Que lindo! A vida em um varal! Quando vai ter mais?" , eu, que havia presenciado a manifestação respondi :"Foi apresentação única!". O rapaz virou para a moça e comentou"pois é, perdemos o contexto..." .
Perderam o contexto, mas viram o resultado; a vida em um varal !
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