quarta-feira, 20 de junho de 2012

Transbordante

Estava no metrô e todos me olhavam muito, até que um rapaz me cutucou e disse:

"Moça, você está deixando cair... Está ficando no caminho."
E uma senhora ao lado falou:
"Deixa rapaz, ela só está transbordando felicidade!"

quarta-feira, 13 de junho de 2012

Menino

Ria como menino,
Olhava como menino,
Tímido como menino, toda sua meninice era desmascarada nos fios brancos.

Cabelos brancos denunciavam: era um homem.
O menino se escondia no riso,
Se escondia na música,
Nas cores,
Às vezes se escondia em máscaras,
Mas nunca se escondia atrás do homem.

É menino acanhado, recioso...
E homem decidido!

Às vezes menino, às vezes homem,
Sempre é...

terça-feira, 12 de junho de 2012

Varal

Parecia normal, cor neutra, maquiagem destoando da neutralidade do corpo...
Eram duas, corriam, paravam, faziam gestos, mas o que eram? O que significavam aqueles movimentos? 

E como se movimentavam, seus corpos flexíveis impressionavam os transeuntes.
As duas se encontraram e dançaram... Dançaram? 
Encenaram! Encenaram?


Coreografaram a vida entre barbantes, colocaram em uma teia balões coloridos, relógios, apitos, calendários, sentimentos e a vida.
Dançaram entre os fios, teceram a curiosidade nos olhares andantes, alguns queriam saber o que era, outros só observavam, alguns filmaram, outros tiraram fotos, muitos perguntaram, mas o silêncio era a melhor resposta.

Algumas crianças ficaram encantadas, pareciam fazer parte da dança, outras queriam encostar, parecia que assim seria mais fácil entender. Alguns de fato tocaram, pegaram os narizes de palhaços e os devolveram, estavam com receio de atrapalhar.



Ao final da apresentação, quando só tinha teia e seus penduricalhos, um casal se aproximou e disse "O que aconteceu aqui? Que lindo! A vida em um varal! Quando vai ter mais?" , eu, que havia presenciado a manifestação respondi :"Foi apresentação única!". O rapaz virou para a moça e comentou"pois é, perdemos o contexto..." .

Perderam o contexto, mas viram o resultado; a vida em um varal !

quinta-feira, 7 de junho de 2012

Correria

Se correr'ria de dia,
Calma ria de noite.

Fila

 
  Era uma fila, não daquelas indianas, nem daquelas de banco com linha amarela no chão, era uma fila torta. Por ser torta, acho que distorceram um pouco as coisas.

Entre livros, enciclopédias, filmes, música, uma discussão começou, pelo simples motivo de estarem na fila torta! Dar "frenteira" já aprendemos na escola, só para amigos! Não era o caso...



  Uma simples constatação; "olha, aqui tem fila" gerou uma série de xingamentos, palavrões, olhares raivosos, demonstração da virilidade masculina da pior maneira, até a intervenção feminina e a saída do ambiente.

  Eram burgueses, notava-se pelas roupas alinhadas, as chaves dos seus carros à mostra, cabelos devidamente bagunçados,devem ter tomado muito “leite com pera”, estavam em um ambiente propício para o consumo e estavam consumindo muito, devem frequentar os mesmos lugares, até mesmo devem ter amigos em comum no “facebook” , mas isso, eles não queriam saber, a fila nem interessava mais, queriam mostrar quem iria falar por último.

  Quando a frase terminava com “folgado”, logo vinha um silêncio e em breve um “vai se foder”,  assim foi por longos minutos de insultos intercalados com silêncio, a discussão na fila torta. Por quê?!?

  Falta de amor? Acho que não, ambos estavam bem acompanhados.
  Falta de dinheiro? Também não, suas roupas ostentavam “bichos” de marca.
  Educação? Aposto que estudaram nas melhores escolas, talvez não tenham aprendido muita coisa...

O mais interessante é que em uma das camisetas tinha a seguinte frase, “gentileza gera gentileza”, que na ocasião poderia ser trocada por “gente lesa, gera gente lesa”.


segunda-feira, 4 de junho de 2012

Arteiro

Tem artista que declama e canta
Tem artista que pinta e borda.
Arteiros que brincam com corações,
Bagunçam cabelos,
Mexem com sentidos.

Pode ser chuva doce,
Pode ser lágrima salgada
Tudo vira arte pra quem é arteiro de verdade.

Onde toca com com as mãos, faz escultura
Quando toca com a boca, faz música
Quando me toca, encanta.

Artista arteiro que toca onde os olhos não vêem
Faz arte da vida, coloca sua vida na arte.
Não faz arte para alguém,
Se gritar sozinho ninguém ouve,
Mas sempre todos sentem.

Poema do desamor



Não sinto nada de amor,
Nem de dor
Sinto repulsa, que pulsa aqui dentro.
Manter longe, distante, é o melhor lamento que posso dar a essa angústia
É angustiante saber que tem alguém no mundo que já me fez tanto querer,
Hoje em dia se não tivesse no mundo, eu nem iria perceber.

Amei, doeu, passou.
Agora sinto apenas o desamor.