sábado, 17 de agosto de 2013

Meu amigo almofadinha

Meu amigo almofadinha
Quer não se importar com as coisas,
Finge não cuidar da aparência almofadística,
Parece querer se largar para deixar de ser almofada,
Mas sua natureza é ser importante,arrumado e cuidadoso.

Meu amigo almofadinha
Usa moletom no inverno, no outono, na primavera e no verão.
Diz que quer usar batas, chinelos e barba.
Mas como bom almofada, usa camiseta com logotipos, sapato e sem pelos na cara.

Meu amigo almofadinha
Parece criança quando observa o mundo,
Acha engraçado os olhares sem palavras,
Anda de bicicleta e esconde os dentes com aparelho.
Mas age como se fosse somente almofada, escondendo seus sentimentos.

O almofadinha
Às vezes parece não ser amigo de ninguém.
Não conversa com estranhos,
Não conversa com conhecidos,
Mas gosta de atenção, só finge que não.

Meu amigo almofadinha,
Parece querer ser visto por todos,
Ergue o peito, anda seguro, sorri meio sorriso com desdém.
Mas se esconde quando percebe que está sendo analisado.

Meu amigo almofadinha
Não é tão amigo assim, nem tão almofadinha.
Não gosta quando invado sua vida,
Nem gosta de ser almofada.
Mas sem perceber, já fomos invadidos,
Sem perceber ele é a almofada que acalenta e que amortece as minhas dores.

Ah, se fosse de veras sincero...
Pediria que rasgasse a almofada!
Usasse seu sorriso largo, seu chinelo, não fizesse a barba.
Deixaria de ser "meu amigo almofadinha" e se tornaria, de fato, meu amigo.


segunda-feira, 29 de julho de 2013

Nani

Não gosta de acordar cedo,
Quando acorda fala "Tô tão feliz hoje!"
Faça chuva ou faça Sol, o dia dela sempre está radiante.

Seus cabelos brilham e refletem a sua alegria.
Seu sorriso, sempre estampa sua rotina
Quando brava, eu dou risada, sua beleza realça.
Fica diferente do que é normal,
Fica estranhamente bonita!
E repete, mesmo de cara fechada "Estou tão feliz hoje!"

Preguiçosa e um pouco relaxada,
Larga tudo por onde passa.
Um sapato aqui, um guarda chuva ali,
Um sorriso lá, um abraço acolá,
Umas manchas rosadas no travesseiro,
Uns fios de cabelo pelo chão,
Um doce comido na geladeira.
Por onde passa, todos sabem,
Ela passou por ali.

Quando canta, transcende o natural.
Todos ouvem e olham atentos,
Não parece real,
Tão pequenina e uma voz tão grande.
Sim é ela.
E quando canta repete sua felicidade em versos "Tô tão feliz hoje!"

Ela encanta sempre,
Rouba doces de geladeiras, mesmo querendo manter a forma.
Pula e dança na rua, mesmo com uma multidão olhando.
Não segue regras de etiqueta.
Mesmo apaixonada não segue ninguém.
Por que?
Porque ela é feliz hoje...E sempre!




sexta-feira, 19 de julho de 2013

Estrela cadente

  Último dia de viagem é o dia com menos horas, acordei cedo para aproveitar todos os momentos, o Sol ainda nem tinha nascido, quando me deparei com um rapaz de cabelos lisos, malas grandes nas costas, meio perdido, queria informação,não falava a minha língua, eu, meio que enrolando, dei as informações e continuei o meu caminho.

  Sol, praia, lojas, mar, pessoas, crianças, fui onde não tinha ido, falei com quem não tinha falado, só me restava esperar a noite e ver as estrelas cadentes que ainda não tinha visto.

  Malas prontas para voltar, última noite em um lugar que se chamasse "paraíso", seria perfeito.
Algumas pessoas tocavam músicas, davam risadas, mas ele decidiu sentar do meu lado e conversar.

  Conversamos muito, demos risadas juntos, descobrimos semelhanças e nos sintonizamos muito rápido, não precisávamos mais falar, os olhares já se entendiam.

  A música tava boa, ele decidiu participar da roda, eu preferi ver estrelas. O céu lá era convidativo, minha última noite e eu precisava admirá-las com um pouco mais de atenção. Ele largou o violão, perguntou pra onde eu ia, resolveu me acompanhar. Sentamos na areia, o céu me hipnotizava, eu vi muitas estrelas cadentes, ele nenhuma. Quando eu via um rastro no céu, vibrava de emoção, até que olhei pra ele e disse : "você tá olhando pro lado errado", ele me respondeu " eu to olhando pra você".
Era impossível não sorrir, sei que é clichê, mas um clichê sob um céu estrelado nunca visto antes.

  Nos beijamos. Foi lindo, assim como tudo tinha sido até ali.
  Dois homens com um violão resolveram sentar perto de nós, eles tinham a praia inteira para sentar e tocar suas músicas, mas eles queriam fazer a trilha sonora, não nos opusemos, fizemos da presença deles "sombra musicada".

 Chegava a hora de eu ir embora, ele pediu meu telefone, eu disse que não. Ele pediu meu nome completo para me adicionar no "facebook", eu disse que não. Ele me pediu pra ficar, eu disse que não. Eu pedi seu nome completo, disse que o procuraria nas redes sociais, ele me passou, ainda me deu detalhes sobre a foto, para que ficasse mais fácil de encontrá-lo.

Pus o pé na estrada, o Sol já começava a nascer, ele dormia, a cidade dormia, a estrada acordava com a poeira que subia, eu...Eu sonhava acordada.

Queria deixar aquela história ali, aquele amor de praia lá, no mar, ele nunca iria me achar, o mundo é grande, meu nome é simples, me encontrar em uma rede social seria um trabalho um pouco mais árduo do que me encontrar naquela cidade com menos de mil habitantes. Até que quando cheguei ao meu destino, fui procurá-lo no "facebook". A foto como ele descrevia, tava ali, o seu gosto musical, que é semelhante ao meu, também tava ali, os lugares que frequenta, os desejos tudo que ele havia me falado, tava tudo ali. Só tinha uma coisa que ele não falou: "em um relacionamento sério com Renata". Pois é...

  Realmente, o presente de conhecê-lo ficou no passado. Foram momentos especiais, únicos, com direito a mar, areia, estrelas, risadas, sorrisos, carinhos e lembranças boas.
  Não, eu não o procurei mais, nem o procurarei. Ele também não vai me achar.
  Entre tantos pedidos para as estrelas cadentes que vi, um se realizou...Ele ainda deve estar lá e eu estou no mundo realizando meus desejos.

quinta-feira, 18 de julho de 2013

Vento leva

O que não está preso, o vento leva.
O que for seu, o vento traz.

Danado do vento, levou a roupa do varal...
Acho que não era minha.

quarta-feira, 29 de maio de 2013

Oposição

E essa onda que me leva em outra direção...
Não é vulnerabilidade, é só mudança de posição!

Andantes

Andavam como quem desfilava,
Pareciam estar no hall de entrada.
Calmos, caminhavam lentamente,
Descalços, faziam graça
Riam, xingavam...

Os carros diminuíam a velocidade
Talvez para não pagar indenização
E também não trazer transtorno à população.

Caminhavam lentamente,
Afinal, ali era o hall de suas casas.
Carros intrusos que me desculpem,
Mas naquele dia tinha gente em casa.

Amigos

Amigos não te seguram,
Te jogam no abismo
Para você saber como é voar.

Segredo

Querer saber o segredo de alguém,
Não é segredo pra ninguém.

Puta

Puta frio,
Puta chuva
E eu aqui na rua.
Puta.

terça-feira, 28 de maio de 2013

Pelo Ralo

E lá se foi pelo ralo,
Se esvaiu pelo esgoto
O beijo
O gosto
O cheiro
A vontade.

Voltou de onde nunca deveria ter saído
Do nojo
Da náusea
Do engodo

E lá se foi pelo ralo,
Afundou no esgoto.
Menos um...

Acordei

Hoje acordei...
Cai da cama.
Levantei
Machucou
Doeu
Mas acordei.

Cai da cama.
Despertei do sonho infindo
Aquele que tenho toda noite.

De dia cai.
Simplesmente levantei
Machucada
Dolorida
Porém, acordada.

Agora não sonho mais
Porque hoje eu acordei.

quarta-feira, 20 de março de 2013

Dona Dinalva

Divina Dona Dinalva,

Que com sotaque de terras do norte,
Conta histórias como só o povo do norte sabe contar.
Quando dá de ser nervosa,
Nem cobra com ela se cria.

Mulher de língua afiada e fala cheia de poesia.
Mulher guerreira e certeira, cria os filho na base das tradição.
"Bença mãinha",
"Que Deus te abençoe minha filha"
Mulher esperta e ligeira,
Pesca a comida e bota logo na frigideira.
Sem rodeios, ela vem logo dizendo a que veio.
Divina Dona Dinalva, com ela nem onça se cria.


Por Nanny Geissler

"Homenagem a Baiana mais arretada, com quem tenho o enorme prazer de trabalhar."

domingo, 17 de março de 2013

Crença

Ela jogava todo dia na loteria,
Acreditava na sorte.

Ela não olhava nos olhos dos homens,
Não acreditava no amor.

Ela esperava o telefone tocar e ouvir "Amo você".
Acreditava na sorte.