quarta-feira, 19 de dezembro de 2012

Medo de quê?

O menino passou correndo pelo mendigo. 
O mendigo, sujo, que cheirava de longe a cachaça gritou:

"Corre não menino, não precisa ter medo, eu que tenho medo do mundo tô aqui sentado."

domingo, 9 de dezembro de 2012

Tapa na cara

Ele desceu do ônibus e levou logo um tapa
Sem saber de nada, foi levado à delegacia
Não entendia,
Viu que com a bofetada, sua bexiga esvaziou na calça,
Foi detido, talvez, porque cheirava a cachaça

Foi levado à delegacia por um engano,
As roupas rasgadas da labuta
O denunciavam como morador de rua
E se fosse? Não ficaria tão descontente,
Estaria talvez acostumado com a estranheza dessa gente

O delegado, todo alinhado, perguntou pro homem que estava esfarrapado
"Me diz o que você procurava!"
O moço assustado respondeu "Nada, só voltava pra casa"

Sem saber o que fazer, o homem tentou se defender
"Senhor delegado, tomei cachaça enquanto prosiava, não sabia que é preso quem fica na farra"
O delegado mal sabia, que ali na sua frente havia um mestre
Se tornou mestre porque muito conhecia
Sabia do mundo, sabia da vida
Sabia tanto, que preferiu se calar pra não prolongar os tapas durante o dia

A mulher que o denunciou, achou que era ladrão, assassino, estuprador,
Ela o julgou pela aparência,
Pelas roupas de trabalho e pela sua cor
Mal sabia ela, que esse homem era seu vizinho,
Morava ali, bem pertinho
Mal sabia que era mestre de obras, que muitas casas ali ele ergueu
Que com o suor dele, aquele bairro cresceu

Descoberto o mal entendido, o homem, antes julgado bandido
Pôde ir embora, meio atordoado
A denunciante sem razão, pediu desculpas
Ele ,com o tapa estampado na cara,
Acompanhou a moça que depois nada falou, ficou calada

Ele com a camisa esfarrapada,
O bafo de cachaça,
Com o corpo suado e a calça molhada,
Percebeu que do mundo muito sabia,
Mas dos homens, não conhecia nada.


quarta-feira, 5 de dezembro de 2012

Pedinte

A pedinte esticava a mão,
Todos que passavam diziam "Hoje não".

Mas o que ninguém percebia
É que ela não pedia dinheiro,
Pedia atenção.

quarta-feira, 28 de novembro de 2012

Explorador

Explorava o jardim como se estivesse em uma mata fechada,
Matava passarinho pra comer e dar pros irmãos
Comia formiga, fingindo que era batata frita e dizia:
"Pela mata fechada, corro riscos,mas um dia serei explorador"

Jovem ainda, explorou corações apaixonados,
Meninas ouriçadas, ouviam suas palavras
Suspiravam com o aspirante a trovador, que dizia:
"Vem cá menina,ouça o que digo; um dia serei explorador"

Olhava para os carros passando,
Jogava pedras e dizia : "Playboy de merda!"
Cuspia, batia, adorava e dizia:
"Um dia vou ter um desses, vou ser explorador"

Hoje, conseguiu o que queria, é explorador.
Todo dia bebe café quente,
Anda de carrão em troca de suor alheio.
Maltrata corações e bate no peito:
"Um dia, vou ser gente"

sábado, 20 de outubro de 2012

Da Maria

Dizem que eu sofro dos nervo,
Mas, acho que não sofro não.
Sofro com as dificuldade da vida,
Talvez com a falta de pão.
Minha barriga tá assim grande,
Deve de ser de ar,
Que de comida num é não.

Vim me embora pra essa terra de pau de arara
E seis fio na mão.
Não queria tá aqui...
Só tô, porque é de precisão.

Nessa hora o doutô oio pro relógio,
Me oio meio de lado e preguntô:
"Qué atestado?"

He..hehe...
Não escrivinho nem meu nome,
Por isso que às vezes passo fome,
Ninguém da emprego pra quem só usa a mão.
Sinhô qué me dá atestado?
Me dá de sobrevivência.
Que de trabaio, não carece não.

Ele escreveu engarranchado,
Dava nem pra entendê as letra...
Me entregô o papel todo amassado,
Me enxotô feito cão:
"Vai te embora muié, de fome tu não morre não.
É filho que tu carrega no bucho.
Se cuida e cuida da alimentação".

Não sei se chorava de tristeza ou de agonia.
Mas, cada lágrima que caía,
Sabia que tinha muito de alegria.

Fui me embora de pé no chão,
Lenço na cabeça
E os seis fio na mão.
Cresceram os sete,
Depois mais um, mais um, mais um, mais um...
Cada ano que passava, mais um eu paria.
Até que a vida me tomou um e menos um, menos um...

Dos que vingaram, sabia que doutô não viraria,
Mas sendo filho de Maria,
Ia crescer na vida
Ia dar tudo que tinha pra poder dividir o pão.
Sabia, que mesmo sem diploma nem alforria,
Ia ter bom coração.


*Baseado nas histórias das 3 Marias da minha vida;Maria Iolanda, Maria Vieira e Maria da Cruz.
Uma, deu vida ao meu pai,
Outra, deu a luz à minha mãe.
Outra, deu a vida à minha mãe.

quarta-feira, 15 de agosto de 2012

Somente Menos

Somente menos um problema,
Menos um olhar,

Menos um beijo, somente menos um.
As pessoas dizem "só foi mais um",

Eu digo menos,
Porque se fosse "mais" ficaria,
Somaria, até multiplicaria,
Como se vai e subtrai, é menos.

Menos tempo perdido,
Menos carinhos,
Menos brigas,
Menos uma pessoa indesejada.

Só mente menos para disfarçar,
Sempre mente,
Então que seja em outro lugar, na minha vida não.
Aqui quero verdade, nada de simulacros,
Verdade pura, sem mentir menos, nem mais,

Que seja menos um na minha vida.
Vá viver de mentiras,
De falácias,
De risos falsos e ser menos você na sua própria vida.

terça-feira, 31 de julho de 2012

Manifesto

Sem festa,
Sem fala,
Não me manifesto
Infesto você com o que me cala.

Amores vazios,
Abraços frios,
Não me infesto.
Sem manifestações de sentimentos vãos.

Amores que vão.
Abraços sem festa
Não fala.
Infesto de sentimentos o que me cala.

quarta-feira, 25 de julho de 2012

Amanhã

Amanhã desviro o sapato,
Coloco o controle no lugar.
Amanhã eu lavo a louça e arrumo o quarto.

Amanhã eu me apaixono,
Eu nego e não aceito.
Amanhã desapaixono e promovo o desapego.

Amanhã  troco o lençol,
Sonho, planejo e bocejo.
Amanhã eu acordo tarde e durmo cedo.

Porque hoje, hoje eu quero deixar para amanhã.

sexta-feira, 20 de julho de 2012

O Alvo

Você: uma flecha
Rápida e certeira.
Seja qual for o alvo
Sempre fere.
Como sempre, fugaz.
Que bom! Assim não sinto...

Como outras
Você passou.
Inocente indolência premeditada,
Como pôde ser tão covarde com suas palavras?
Esquecendo seus atos?

Agora,
Não lhe indultarei por sua sândice
Só lamentarei sua incúria.
Pobre flecha certeira,
Que cega continua na luta
Contra si própria.
Uma luta demasiada
Que um dia
Levará a morte do seu único alvo...
Você.

terça-feira, 17 de julho de 2012

Em Palavras

Não precisa de nariz vermelho para me fazer rir,
Não precisa de cartola para me desvendar.
Só precisa ser poeta dos sentimentos e traduzir o amor em palavras.

sábado, 14 de julho de 2012

Algumas


Encruzilhadas que se tornavam labirintos,
Algumas ruas desertas,
Alguns becos repletos de casais,

Cuspiam,
Alguns sangue,
Outros álcool,
Alguns cuspiam gozo

Pessoas se encontravam
Outras desencontravam,
Alguns atrasos,
Alguns ratos
Algumas transas.

Algumas noites vazias na cidade cheia.

quarta-feira, 20 de junho de 2012

Transbordante

Estava no metrô e todos me olhavam muito, até que um rapaz me cutucou e disse:

"Moça, você está deixando cair... Está ficando no caminho."
E uma senhora ao lado falou:
"Deixa rapaz, ela só está transbordando felicidade!"

quarta-feira, 13 de junho de 2012

Menino

Ria como menino,
Olhava como menino,
Tímido como menino, toda sua meninice era desmascarada nos fios brancos.

Cabelos brancos denunciavam: era um homem.
O menino se escondia no riso,
Se escondia na música,
Nas cores,
Às vezes se escondia em máscaras,
Mas nunca se escondia atrás do homem.

É menino acanhado, recioso...
E homem decidido!

Às vezes menino, às vezes homem,
Sempre é...

terça-feira, 12 de junho de 2012

Varal

Parecia normal, cor neutra, maquiagem destoando da neutralidade do corpo...
Eram duas, corriam, paravam, faziam gestos, mas o que eram? O que significavam aqueles movimentos? 

E como se movimentavam, seus corpos flexíveis impressionavam os transeuntes.
As duas se encontraram e dançaram... Dançaram? 
Encenaram! Encenaram?


Coreografaram a vida entre barbantes, colocaram em uma teia balões coloridos, relógios, apitos, calendários, sentimentos e a vida.
Dançaram entre os fios, teceram a curiosidade nos olhares andantes, alguns queriam saber o que era, outros só observavam, alguns filmaram, outros tiraram fotos, muitos perguntaram, mas o silêncio era a melhor resposta.

Algumas crianças ficaram encantadas, pareciam fazer parte da dança, outras queriam encostar, parecia que assim seria mais fácil entender. Alguns de fato tocaram, pegaram os narizes de palhaços e os devolveram, estavam com receio de atrapalhar.



Ao final da apresentação, quando só tinha teia e seus penduricalhos, um casal se aproximou e disse "O que aconteceu aqui? Que lindo! A vida em um varal! Quando vai ter mais?" , eu, que havia presenciado a manifestação respondi :"Foi apresentação única!". O rapaz virou para a moça e comentou"pois é, perdemos o contexto..." .

Perderam o contexto, mas viram o resultado; a vida em um varal !

quinta-feira, 7 de junho de 2012

Correria

Se correr'ria de dia,
Calma ria de noite.

Fila

 
  Era uma fila, não daquelas indianas, nem daquelas de banco com linha amarela no chão, era uma fila torta. Por ser torta, acho que distorceram um pouco as coisas.

Entre livros, enciclopédias, filmes, música, uma discussão começou, pelo simples motivo de estarem na fila torta! Dar "frenteira" já aprendemos na escola, só para amigos! Não era o caso...



  Uma simples constatação; "olha, aqui tem fila" gerou uma série de xingamentos, palavrões, olhares raivosos, demonstração da virilidade masculina da pior maneira, até a intervenção feminina e a saída do ambiente.

  Eram burgueses, notava-se pelas roupas alinhadas, as chaves dos seus carros à mostra, cabelos devidamente bagunçados,devem ter tomado muito “leite com pera”, estavam em um ambiente propício para o consumo e estavam consumindo muito, devem frequentar os mesmos lugares, até mesmo devem ter amigos em comum no “facebook” , mas isso, eles não queriam saber, a fila nem interessava mais, queriam mostrar quem iria falar por último.

  Quando a frase terminava com “folgado”, logo vinha um silêncio e em breve um “vai se foder”,  assim foi por longos minutos de insultos intercalados com silêncio, a discussão na fila torta. Por quê?!?

  Falta de amor? Acho que não, ambos estavam bem acompanhados.
  Falta de dinheiro? Também não, suas roupas ostentavam “bichos” de marca.
  Educação? Aposto que estudaram nas melhores escolas, talvez não tenham aprendido muita coisa...

O mais interessante é que em uma das camisetas tinha a seguinte frase, “gentileza gera gentileza”, que na ocasião poderia ser trocada por “gente lesa, gera gente lesa”.


segunda-feira, 4 de junho de 2012

Arteiro

Tem artista que declama e canta
Tem artista que pinta e borda.
Arteiros que brincam com corações,
Bagunçam cabelos,
Mexem com sentidos.

Pode ser chuva doce,
Pode ser lágrima salgada
Tudo vira arte pra quem é arteiro de verdade.

Onde toca com com as mãos, faz escultura
Quando toca com a boca, faz música
Quando me toca, encanta.

Artista arteiro que toca onde os olhos não vêem
Faz arte da vida, coloca sua vida na arte.
Não faz arte para alguém,
Se gritar sozinho ninguém ouve,
Mas sempre todos sentem.

Poema do desamor



Não sinto nada de amor,
Nem de dor
Sinto repulsa, que pulsa aqui dentro.
Manter longe, distante, é o melhor lamento que posso dar a essa angústia
É angustiante saber que tem alguém no mundo que já me fez tanto querer,
Hoje em dia se não tivesse no mundo, eu nem iria perceber.

Amei, doeu, passou.
Agora sinto apenas o desamor.


quinta-feira, 31 de maio de 2012

Palhaço

Me apaixonei,
Ele faz rir, faz cantar,
Faz tudo ficar colorido,
Voa, faz objeto voar, faz pessoa levitar,
Faz desenho no céu com bolinhas de sabão,
Faz desenho no rosto pra que ninguém saiba quem é.
Mas eu sei,

Tocou meu coração sem pinturas,
Sem máscaras,
Ele riu, me fez rir,
Só nos dois
Sem plateia, nem picadeiro,
Entrou, fez a graça, mexeu comigo...

Me apaixonei por um palhaço sem graça.

segunda-feira, 28 de maio de 2012

5 minutos


Mudei meu relógio,
Abandonei meus vícios,
Em cinco minutos meu cigarro apagou,
Em cinco minutos meu copo secou.
Cinco minutos durou o coito, o tapa, o beijo e o desejo.

Só mais cinco minutos sem...
Foi o suficiente para perceber que seria muito eu para pouco você.

Cinco minutos é muito pouco para melhorar,
Mas foi o bastante para enlouquecer.

quarta-feira, 23 de maio de 2012

Metrô

Todos no mesmo ambiente, sentados lado a lado, nenhum de costas, nem de frente.
Olhares que se cruzavam, se viam de canto, observavam, mas não se comunicavam.

As pernas teimavam em se encostar, os braços, quase abraçando a eles próprios, continuavam encostando levemente no braço alheio.
Os ideais, as ideias, seus gostos e suas vontades escondidas por panos, ou quase visíveis pela falta deles.

Uma freira, uma evangélica, um travesti e uma menina de shorts curtíssimo, todos sentados lado a lado.

Diferenças e igualdades sendo compartilhadas no mesmo ambiente, compartilhando do mesmo direito de ir e vir, todos na mesma posição, sentados em um banco no vagão do metrô.

Projeto de Homem

Ônibus e trânsito: uma ótima combinação!

Senhora : "Meu filho, olha bem esse ônibus e vê se tem alguém com 97 anos..."
Cobrador: "É, não tem. Mas o que a senhora fez pra chegar aos 97 anos tão bem?"
Senhora: "Menino, eu como lanche todo dia! Ah, e eu nunca trabalhei!"
Cobrador: "Ah, não vou trabalhar também... Mas como a senhora nunca trabalhou?"
Senhora: "CASEI COM UM HOMEM, NÃO COM UM PROJETO DE HOMEM!!"

Sem lágrimas

Você me fez te olhar por algumas semanas,
Me fez sorrir por alguns dias,
Me fez extremamente feliz por algumas horas,
Agora você já pode ir embora, antes de me fazer chorar.

Luz

Não era luz do Sol, 
Não era luz da lua, 
Nem de estrela nenhuma, 
Nem de lampadinha, 
Era a luz do seu olhar que me alumiou na noite fria

Vitória

"Quem vai querer a Vitória, ela tá na promoção!"
"Hahahahaha, ai ai ai Paraaa..."
"Quer comprar a Vitória?? Compre a Vitória!!"

Ele a carregava no ombro, ela dava gargalhadas e pedia pra ele parar, até que...

"Ixi Vitória, ninguém te quer, acho que vc vai ter que ser só minha..."
"Eu não, pai..."

"Bom, até os 18 anos sim, só minha!"
"Pai, eu não sou de ninguém e eu já sou grande, tenho 3 anos tá!"

Vitória é livre, nasceu com asas e com elas resolveu voar!

quinta-feira, 17 de maio de 2012

Bocó

Era um bocó!
Sim ele era!

Medroso, inteligência mediana, sempre se fazendo de coitado e frágil..

Mentiroso do tipo que destesta mentira!


Nem bonito ele era, fingia que não ligava pra nada, mas ligava pra tudo, com mais profundidade do que gostaria de não ligar... 

Um palerma, falsificador de imagem.. Se fazendo santo sempre, deixando sempre alguém com peso na consciência...

Perdeu a chance de amar,de quem nunca deveria ter dado essa chance..


De fato, era um bocó... 

Ainda bem que bocós vão embora...

Por Nani Geissler

Corpo

Você pode correr mais que eu, mas não significa que chegará mais longe.
Você pode erguer mais peso que eu, mas isso não significa que trabalhará mais.
Você pode enxergar melhor, mas vai uma grande distãncia do enxergar para o perceber e o interpretar.
Você é perfeito. Apontar em mim uma suposta imperfeição te aperfeiçoará mais?
Você pode alcançar mais alto. E se gaba, como se existisse um só método para se fazer as coisas.
Meu corpo alquebrado (que a bem da verdade não me envergonha ou mortifica) esconde uma mente sã. Sua perfeição e saúde geram energia para uma mente podre.

Você pode ser o mais apto, mas isso não te faz o mais capaz.

APRENDA DE UMA VEZ: SOU DEFICIENTE SIM! E SE ISSO FOSSE UM PROBLEMA, SERIA MEU, SÓ MEU!
SE VOCÊ ME TRATA E OLHA COM DESPRÊZO, VOCÊ PODE SER O MAIS FORTE, MAS SEM DÚVIDA NÃO É O MAIS NOBRE.

COMO SUA ATITUDE COMPROVA, SOU OBRIGADO A SIMPLIFICAR, PARA O SENHOR PERFEIÇÃO ENTENDER: TE SENTO A BENGALA, A MULETA, A CADEIRA DE RODAS, A CONSTITUIÇÃO NA CABEÇA, SEU PRECONCEITUOSO PILANTRAAAAAA!

SÓ SERVE PARA SE ESPARRAMAR E FINGIR QUE DORME NO ASSENTO CINZA! IMPRESTÁVEL DE UMA FIGA
!

Por Claudinei Soares

Pipoca

Adoro pipoca!
Não mais que batata frita, nem chocolate quente cremoso, mas segunda é "meu dia pipoca".
Não era segunda, mas tive o impulso de comê-la assistindo um filme no cinema. Peguei a maior, vai que acaba antes do filme começar...
Passou trailer, propagandas e o pacote de pipoca ainda estava cheio.

Começou o filme e junto uma angustiante sensação de "estou fazendo algo errado", o barulho da pipoca na minha boca começou a me incomodar, os milhos não estourados pareciam bombas, o barulho da minha mão no saquinho era torturante, o sal grudava nos meus dedos e eu queria limpar na poltrona do cinema.

O homem , sentado ao meu lado, percebeu minha inquietação e mudou de lugar, a minha vontade era a mesma, de colocar aquele saquinho de pipoca na primeira fileira, onde ninguém sentaria, voltar pro meu lugar no fundo da sala e assistir ao filme calmamente sem barulhos de milhos agonizantes...

Tudo errado!

Fechei o saco de pipocas ,quase cheio, cuidadosamente, achei que seria o último ruído feito por mim, mas tinha sede, havia muito sal... Abri a garrafa de água, aquela do plástico mole que faz mais barulho que todas as pipocas juntas, bebi o meio litro ali contido, guardei a garrafa e agora livre de barulhos, assisti o final do filme.

Pipoca?
Nem gosto tanto assim.

Feira

Quando eu era pequena, eu ia à feira com meu pai e com a minha vó, a gente comia pastel, tomava caldo de cana e eu sentia o cheiro das frutas.

O tempo passou, a feira se sofisticou, eu cresci e aprendi a escolher as melhores frutas, o mamão mais bonito, o tomate mais gostoso, a batata pra fritura e a batata para cozinhar... 
Mas ainda não tenho as mãos, nem o olhar, nem a experiência do meu pai, a manga que ele escolhe é mais doce e o mamão mais bonito.

Obrigada!

terça-feira, 15 de maio de 2012

Abrigo

  Parecia labirinto, parecia arquitetura moderna, mas era apenas um abrigo.
  Nas quinas, nas esquinas, nos galhos, nos cantos, no alto ou em baixo, era somente um abrigo. 
  Abrigava seres solitários, seres "assustadores", fios que grudam nos dedos e que parecem algodão doce, é um frágil abrigo de seres fortes!

  Hoje de manhã ouvi dizer: "Vou cometer um assassinato!".
O assassino? Ele andava sobre duas patas, tinha polegar opositor e não pensou duas vezes antes de destruir o abrigo frágil e o habitante que ali estava.

  Uma vida construída atrás da porta, destruída por um chinelo.

quinta-feira, 10 de maio de 2012

Nete

Ela lixava as unhas, falava ao telefone e ainda segurava a bolsa com cautela.
O barulhinho da lixa me incomodava, parecia que pegava a carne, mas a conversa estava tão boa, que decidi parar de ouvir meus pensamentos e comecei a ouvir sua voz.
Ela falava com a "Bruna" sobre o trabalho, queria aumento, mas tinha medo de pedir, porque o chefe era um grosso!

Falou do "Pedro lindo", do "Gabriel cara de tonto", "Fellipe idiota", "João que não quer saber de nada", falou tanto, de tantos, que me perdi...
Uma coisa me marcou, "ele" ( não sei qual deles), a chamava de "Jane", ela preferia "Nete" e mesmo enfatizando isso, "ele" nunca mudava e ela se irritava.

Se ela para "ele" não podia ser "Nete", que fosse para outro... E com as unhas feitas!

segunda-feira, 7 de maio de 2012

O senhor

Uma vez o encontrei em uma palestra na Cinemateca e ele me impressionou.

Era uma palestra ministrada em três línguas, inglês, francês e espanhol, eu peguei meu fone para não me perder com o meu francês truncado e meu espanhol limitado em "Hola que tal?" e "ventana", ele sem fone algum me inspirou quando falou com os palestrantes tendo total convicção de suas ideias, o via de costas, sentado na pl
ateia e me impressionava até o balançar da sua cabeça, seu cochichar com o rapaz ao lado, eu pensando "um dia vou ser igual a ele!" ,não quero usar fones de tradução por toda vida e quero falar com convicção sobre as minhas ideias.

Ao terminar a palestra, ele andou calmamente, lentamente, cabelos brancos, tive certeza; é um senhor!
Franzino, frágil, eu o olhava como se pudesse quebrar, todos olhavam admirados, ele chama a atenção.

Ontem, fui vê-lo novamente, ele estava lindo, camiseta branca, cabelos brancos, sem fragilidades ele tocou, cantou, dançou, não parecia o mesmo senhor que encontrei na Cinemateca, parecia um menino!

Ele animou a plateia, me emocionou e me fez pensar de novo: "um dia vou ser igual a ele"!
Sem fones de tradução, cheia de energia, convicta na fala, no canto, emocionarei plateias, desenvolta na dança e uma senhora menina!

Gil, obrigada.

quinta-feira, 3 de maio de 2012

Lamento

Penso neste momento:
O que você deve estar fazendo?
Lendo? Escrevendo?
Lamento baixo,
Pena que não está comigo.

Penso neste momento:
Em que deve estar pensando?
Jogando? Ou até mesmo brincando?
Lamento baixo,
Pena que não está comigo.

Penso neste momento:
O que eu estou fazendo?
Brincando, jogando?
Ou pensando em escrever algo que você não irá ler!
Perdendo meu tempo pensando em você.

O que eu estou fazendo?
Brincando com meus sentimentos?
Jogando meu tempo fora para depois te esquecer?

Lamento baixo:
Pena que não estou comigo...

Rotina

Quebrei a rotina:

Hoje não me olhei no espelho,
Sai sem rumo
Ri sem porquê,
Chorei com o vento frio,
Escrevi uma carta,
Tirei fotos com a analógica,
Tomei banho gelado
E não esperei por você.

Suicida

Sempre tive desejos,
Prendi as vontades,
Segurei os anseios.

Ontem me vi em seus olhos,
Me senti na sua boca e
Me joguei como suicida...
Sobrevivi.

sábado, 28 de abril de 2012

Comida


Come,
Me come,
Come.

Gosta,
Encosta
Goza.

Convida,
Come.
Com vida,
Goza.

Comida
Come,
Engole ou
Cospe.

Engole e
Come.

Depois de comida
Com a ida
Cuspi.

quarta-feira, 18 de abril de 2012

Parede


Sempre saio cedo, mas sempre chego atrasado, trânsito, multidão, chuva, ônibus lotado, calçadas em péssimo estado, buracos,sempre as mesmas coisas atrapalham o caminho, mas hoje apareceu uma parede.
Uma parede no meio da calçada, tentei desviar mas tinha mais parede.Todos os lados, parede.
Não, labirinto não era, eram apenas paredes.

Parede com gravata, outra parede de salto alto, algumas com cabelo liso, parede alta, baixa...
Impossível pular, desviar só se fosse para a rua, correr o risco de ser atropelado por um motorista parede.

O pior, essas paredes não servem pra muita coisa, não penduram quadros, não são coloridas, geralmente são escuras, não dá para escalar e nem dá para quebrar!! Elas andam em grupos, nunca estão sozinhas, sempre tem outra e mais outra, sempre atrapalhando o caminho...

Estava entrando em desespero, até que encontrei um portão, ele se abriu, eu passei e dei de cara com um muro.



terça-feira, 17 de abril de 2012

Individualismo e suas reações

Submoradias, erosão e descaso,
Aprisionamento estético e moral.

Pulo e correria.

Cada pulo sua solidão e nosso sofrimento.
Sofrimento é não ser o que poderia ter sido.
Pior ainda, é nem mesmo saber que podia.
Viver na inércia, a mercê do vento.

Dando pulo e correria...

Corre agora que a máquina vem quente,
Vem quente e querendo lucrar.
Corre bem meu filho,
Vai sem educação ganhar...
Um conto qualquer, ou roubar dignamente,

Vai ganhar o pão e vender a carne,
Que a moral vem atacar sua subversão,
Calar a sua boca cheia de pólvora.

A sua voz, não ouvirão.
Talvez escutem a bala quente.
A sua única arma de argumentação.

Por Fellipe Maciel

segunda-feira, 16 de abril de 2012

De passagem

Passei para dar um "oi", estou de passagem...
Um abraço apertado,
Um sorriso de lado,
Um olhar rápido.

De passagem, eu dou "tchau"
Aceno de longe,
Pergunto como foi seu dia,
Se está tudo bem?
Eu já sei a resposta;
Sim, está. Sempre está.

De passagem, você decide parar.
Seu abraço me afaga,
Sua boca me prende ,
Seus olhos contam histórias,

Um "oi", um "tchau", um aceno.
De passagem, a gente decidiu ficar.
Você me pergunta: "Tá tudo bem?"
Eu respondo "Agora está."

E eu me pergunto:
"Será que passou?"

terça-feira, 10 de abril de 2012

Receita

3 xícaras de feijão
2 dentes de alho
1 cebola
Sal
Temperos variados

Modo de preparo:

Escolha os melhores feijões, tem muitos tipos, tire os enrugados, os feios, os descascados, separe os melhores, esses valem a pena colocar na panela!
Feijão feio ninguém quer comer, nem vale a pena,só faz volume.
Não procure o feijão pela embalagem, mas pelo conteúdo, difícil é saber se o conteúdo é bom se não experimentar, então, pegue em pequenas porções para não se arrepender.
Lave bem o feijão, mesmo quando parecem limpos sempre estão meio sujinhos,  banho é sempre bom, ainda mais se for dado com vontade!

Corte os alhos, pique, triture, amasse, despeje todos os seus sentimentos angustiantes neles, esmague-os como se estivesse esmagando a outra, sim, sempre tem outra! Outra receita melhor, outra cozinheira melhor, outra lavadeira de feijões e o pior, outro tempero melhor que você não conhece!

Pique a cebola, só corte em cubos, você vai chorar, mas é para o seu bem, tudo que é bom precisa de uma dorzinha, as lágrimas servem para limpar a sujeira dos teus olhos e a dor do coração. Chore com vontade e use facas afiadas, mas só use nas cebolas!!

Sal, tome cuidado, é gostoso, mas tem que saber a dosagem, muito pode ser ruim, pouco a gente resolve... Salgadinho até que é bom, parece suor, aquele da noite, o do dia não é muito bom, mas a gente se delicia também.

Temperos, abuse, use todos que tiver em mãos, tempere todo dia de um jeito diferente, eles são essenciais na sua vida, lembre-se que os paladares são diferentes, mas que seu tempero é único, você o faz inesquecível.

Coloque tudo na panela de pressão. Sim, pressão é preciso porque só assim eles entendem.
Pressione, mas não muito, porque pode passar do ponto. Fogo alto no começo, depois abaixe o fogo,  fogo muito alto pode assustar.

Espere... Cada um tem seu tempo, vinte minutos, meia hora, uma hora, não se desespere, alguns demoram mais, mas se seu tempero for bom, sempre fica gostoso.

Feijão...
Escolha o seu e delicie-se!

sábado, 7 de abril de 2012

Matei

Estou com as mão limpas.
Sem tiros,
Sem sangue,
Sem objetos cortantes matei você.

Matei,
Você não sentiu dor,
Não agonizou,
Não suplicou.

Matei o que existia dentro de mim.
Sem cicatrizes, nem cortes profundos,
Hoje, você é apenas uma mancha.
Não no coração,
Uma mancha na cama da sujeira que você derramou.

Matei você e vivo um pouco mais,
Vivo um pouco mais leve,
Vivo um pouco mais feliz,
Vivo um pouco menos morta.

Matei, agora eu vivo.

Diversão com você

Para procurar diversão sai do marasmo da televisão e fui ver a rua.
Encontrei pessoas, senti cheiros, descobri olhares, senti desejos e ri, ri muito.
A diversão estava onde não imaginava, em todos os lugares que não se resumiam a essas paredes e essa televisão.
Por trás dessas quatro paredes há muita vida, há muita gente, há muito mais luz do que a da tv e a do abajour.

Diversão em não fazer nada, comprar pipoca na esquina, não lavar as mãos e devorar cada milho estourado, a diversão está em olhar para o outro e ver a cumplicidade de dividir momentos únicos.
Cantarolar músicas para ninguém ouvir, só você e eu, se alguém ouvir, vai ouvir felicidade!

Essa alegria de olhar para o lado e sentir um "oi" sincero e cheio de desejos.
Diversão está em ver o sol se pôr, ver a lua entre os prédios, andar sem saber o caminho, olhar para o lado e só enxergar a felicidade em estar ao seu lado.

Se um dia você for, lembrarei dos risos, das músicas, das danças, dos olhares e da alegria, enquanto você não vai, fica aqui meu agradecimento.

 Obrigada por me fazer feliz mais um dia!

sexta-feira, 6 de abril de 2012

Se você viesse

Se você viesse, eu colocaria o vestido mais bonito, para você desabotoar.
Eu passaria batom pra você borrar.
Se você viesse, arrumaria o cabelo pra você emaranhar.
Abriria a porta, aguardaria aquele abraço gostoso, que só você me dá.
Se você viesse...
Você não veio.
Eu coloquei o meu vestido mais bonito, passei batom, arrumei meu cabelo, abri a porta e fui.
Me joguei no abraço de outros braços.
Fui.
Se você viesse, eu não teria ido, não teria rido e não teria sido feliz sem você.


quinta-feira, 5 de abril de 2012

Pulsante

Coxas grossas
Busto pequeno.
Nem dá para imaginar
Que tem um cérebro que pensa
E um coração que pulsa
Antes de gozar.

quarta-feira, 4 de abril de 2012

Ela

Estava linda, camiseta preta, calça vermelha e chinelos, se estivesse de camiseta branca, calça preta e tênis, continuaria linda, é linda sempre.
É linda vestida, é linda sem roupa, de lado, de frente, de costas e ela sabe disso.

Ela olha fixamente nos meus olhos como se soubesse o que eu quero, e sabe!

Ela sabe o quanto a quero e como quero, sabe que eu obedeço, que eu espero, que a venero.

Ela anda como quem não quer nada, balança as ancas para chamar a atenção, finge não querer, mas quer.
Ela quer ser minha, mente quando diz "não", gosta de negar com palavras o que os olhos dizem. Eu também sei das coisas, ela não sabe disso.

Senta na cadeira ao lado e joga charme para sentar no colo, quando consegue, ela sacia as suas e as minhas vontades, me esnoba, me ama e me olha, sempre do mesmo jeito.
Ela é doce, às vezes amarga, beija e cospe em uma mesma fala e como fala! Adora falar, talvez porque tenha medo de ouvir o indesejado. Desejo-a,ela sabe. Quando não quero, ela me faz querer.

Ela tem o que quiser, quando quiser, eu, você, ele, ela, todos estamos nas mãos dela, ela sabe, por isso, prefere não ser de ninguém, ela é do mundo, ela é só dela e o mundo é dela.

terça-feira, 3 de abril de 2012

Nada

Conforta-me saber que está no nada,
Fazendo nada,
Correndo para nada,
Não sorri, nem chora por nada.
Mas nada, faz você me tirar da sua cabeça.
Estou ali, no nada dentro de você.
Nada demais.

sexta-feira, 30 de março de 2012

Vazio


Chorou ao me ver partir, achando que iria voltar para me despedir, me despir e usufruir das lembranças.


Não, não voltei, não despedi, não despi, não usei, mas parti.


Fui para o caminho óbvio, o que você caminhava, para quê? Para te encontrar.
Por quê? Para me torturar. A angústia me faz respirar e você sabe.


Você sabe que me veria sorrir e que me faria chorar, você sabe que fui querendo ficar, mas não pensei em mim, pensei em nós.

Nós, hoje, não existe. P
lural na sua vida, não te contempla, não te completa, seu medo de fazer de dois um só,  te afasta do que quer ser.



Você não quer fazer de dois, um. Eu faço de mil, dois, onde você não está, está outro, onde você não pisa, sapateia alguém, onde você não toca, alguém dança, onde você não dorme, alguém goza, onde você não ri, alguém chora.


E não venha com suas falácias, seu ideal de vida puritano, o seu ideal, é seu, o meu caminho, é meu, as suas trilhas me guiam e dos seus passos eu desvio, sigo-os de longe, para manter distância segura.
 Cheio de si, com pouco de mim, você caminha sorridente e infeliz, cheio de vontades, cheio de desejos, repleto de medo e receios você nunca irá conseguir caminhar, cheio de ideias, cheio de ideais, cheio de tanto vazio.

Vi seus olhos hoje, achei que veria alguma coisa...
Nem o nada eu vi.
Estava vazio.


Asssim como meu coração deveria estar...

quinta-feira, 29 de março de 2012

Lembre-se de sorrir

Hoje lembrei de você;

De quando fingia ser surdo e mudo para os vendedores ambulantes, gesticulava, fingia  querer saber os preços das coisas, gesticulava mais e logo em seguida virava para nós e pedia um isqueiro, os vendedores nem percebiam a sua fala. Você continuava naquele baile de mãos e pedia água, quando os vendedores percebiam que era uma brincadeira, davam risada, alguns ficavam bravos, principalmente porque você não comprava nada, só queria brincar um pouco.

Lembrei daquele dia que você colocou uma sunga e uma camiseta vermelha, pegou um apito e começou a gritar na beira da praia: "tubarão, tubarão", as pessoas saíram correndo do mar, você esperou um amigo seu sair, o abraçou e disse "Oh Tubarão, que saudade!!", lembro de algumas pessoas que olharam e acharam graça, outras ficaram furiosas e você voltou pro seu lugar sorrindo.

Hoje, não sei porquê, lembrei de você, da sua alegria, das suas risadas, das suas brincadeiras, lembrei de você enquanto eu andava na rua colorida, que alguém coloriu para alegrar a calçada cinza.

Lembrei que preciso rir mais, brincar mais, alegrar mais a minha volta, perceber que tudo é efêmero, que a vida é uma passagem e nós somos passageiros, então que passemos sorrindo.

quarta-feira, 28 de março de 2012

Visitador

Entro e saio e nunca tem ninguém para abrir a porta. O molho de chaves faz o barulho da confusão, na hora de abrir sempre me confundo, para fechar é sempre mais fácil.

Dessa vez, abri a porta não para eu sair, mas para você entrar.
Com aquele olhar observador, olhou cada canto, viu onde meus olhos não enxergam, colocou as mão onde as minhas não alcançam e sentou, onde todas as visitas sentam.

Conversamos, rimos, até brigamos, mas como sempre, nos amamos. Sempre nos amamos, sempre, nunca por nenhum instante deixamos de nos amar, mesmo quando você não está, continuo te amando aqui, você lá.

Esse silêncio que fica quando você não está, me faz gritar por ver a bagunça que deixou na sala, no quarto e na cozinha, arrumo sem exitar, bem que você poderia estar aqui para ajudar, lavar a louça, mas você prefere ir, para quem sabe, (assim espero) voltar.

 Esse visitante que se torna "visitador", "dor"sufixo de frequência, visita a dor que sinto com sua ausência, "dor" é o que sinto, ao saber que sempre terei que abrir a porta pra você e você nunca abrirá pra mim, visita a dor e a transforma em "ante", diante, adiante.

Inesperada e esperada visita, por mais que diga que não. Sim, eu sempre espero ter a sua companhia na minha casa.
Na minha vida e no meu coração você não é visitante, é morador.

Visitante de casas, visitador de corações, coloca a cadeira no lugar, porque a cabeça você já bagunçou.


terça-feira, 27 de março de 2012

Solidão

Sozinha, esperava o tempo passar,
Televisão ligada, luzes apagadas,
A penumbra escondia as lágrimas,
O som da tv escondia o barulho agonizante do desespero

Sozinha, continuava a rotina
Sem saudade, sem falta,
Televisão desligada, com luzes acesas
Passos curtos, para tentar abrandar a dor.

Doia, uma dor solitária.
Sozinha dançava, comia, dormia
Nada além do espelho
Passos longos para o tempo passar mais rápido.

Sozinha, esperava a campainha tocar
Ele entrou,
Poucas palavras
Poucos gestos,
Somente o necessário para sentir saudades.

Ele não foi,
A televisão desligada, as luzes apagadas
Sem dor, alguns ruídos, nenhum passo.
No escuro não se via lágrimas, nem sorrisos.
Não se via nada,
Era apenas
Uma solidão assistida.